28 de out. de 2010

isto não é uma FESTA



Isto não é uma FESTA. Não apresentaremos CENAS. Não vai rolar SOM AO VIVO. Não teremos a HORA DA VITROLA, onde você poderia trazer os seus discos de vinil pra gente tocar aquela música que faz um bom tempo que você não ouve com saudosos chiados ao fundo. E também não vamos tocar músicas pra quem quiser DANÇAR. Não vamos vender bebidas. Não vai ser nada divertido. Se eu fosse você não ia.

Não será no
ESPAÇO DOS NOTÍVAGOS
Rua Pedro Amando de Barros, 181 (duas esquinas acima da Currascaria Tabajara)
Primeiro de novembro, a partir das oito e meia da noite, entrada cinco Reais
A renda não será em benefício da Associação Teatral Notívagos Burlescos

21 de out. de 2010

IBEJIS

Amanhã no Teatro Municipal de Botucatu tem apresentação do Pessoal do Faroeste pelo Circuito SESI. Levem as crianças que vocês amam e as crianças dentro de vocês. Entrada franca!



Inspirado na lenda dos gêmeos nas culturas africana, católica e grega, o espetáculo reúne em cena elementos representações de folguedos e elementos da cultura popular brasileira, como cantigas populares adaptadas e uma cenografia móvel com tecidos e teatro de bonecos.

A história contada na peça é um recorte do sincretismo religioso na formação das festas populares do Brasil, como festas do divino, boi-bumbá, frevo etc. Dessa forma, Paulo Faria, diretor e dramaturgo da Companhia, investigou a lenda dos Ibejis africanos, passou aos santos católicos São Cosme e São Damião, gêmeos presentes em outras culturas, como a criação do signo de Geminis na constelação zodiacal criada na mitologia grega, para criar a leitura teatral nesse contexto. “A idéia é aproximar a mitologia africana da história universal do homem, entendendo que a África é o continente mais antigo da humanidade e berço da civilização humana”, explica Faria.

Fundada em janeiro de 1998, a Cia tem tido como fonte de pesquisa a vida social e política do povo brasileiro por meio de seu imaginário popular e de sua cultura. A companhia tem como principais montagens: Um Certo Faroeste Caboclo (1998), que recebeu o prêmio Teatro Jovem Coca-Cola/Pananco de Melhor Direção (Paulo Faria) e Melhor Coreografia (Luís Miranda) e as indicações de Melhor Música (Eliseu Paranhos), Rei dos Ventos e, em 2000, A Mulher Macaco, que recebeu o Prêmio Nacional Plínio Marcos de Dramaturgia/2000 e foi patrocinada pelo Grupo Construcap (Lei Mendonça) e o Programa Federal EnCena Brasil. Inaugurou e desenvolveu parceria de ocupação por dois anos com o Centro Cultural Capobianco, atual Instituto Cultural Capobianco. O Índio (2003) fez parte do Projeto Escola Aberta, Recreio nas Férias e Circuito CEUs – prefeitura de São Paulo. Em 2002, iniciou o projeto Trilogia Degenerada: Um inventário sobre a cidade de São Paulo, sobre o processo de formação histórica da cidade de São Paulo. Todos os trabalhos foram concedidos pela lei de Fomento ao Teatro da Secretaria do Estado de Cultura, assim como as montagens Re-bentos, Os Crimes de Preto Amaral, em 2006, e Labirinto Reencarnado, em 2008. O que viabilizou a criação da Sede Luz do Faroeste, localizado em Campos Elíseos.

Ibejis

Direção e dramaturgia: Paulo Faria

Elenco: Isadora Ferrite, Paulo Arcuri, Mauricio Badé, Welton Santos

Figurinos: Paulo Faria

Direção musical e preparação vocal: Denise Venturini

Preparação percussiva: Jorge Peña

Preparação física: Eduardo Gomes

Bonecos e adereços: Jeferson Cecim

Iluminação: Ciso de Souza

Produção executiva: Valmir Gustavo

Produção Administrativo Financeiro: Teca D´Alessio

Coordenação de Produção: Sabrina Flechtman

Fotos: Lenise Pinheiro

Comunicação da Cia: Vanessa Hassegawa


ONDE: Teatro Municipal Camillo Fernandez Dinucci
QUANDO: Sexta, 22 de outubro, 20:30hs
QUANTO: ENTRADA FRANCA!

14 de out. de 2010

O Ator

"Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o suficiente para ele permanecer indiferente às desgraças ou alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave onde ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor que viveu na sua vida.

Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingí-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade e por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de autodestruição a que por desencanto ou medo se sujeita, e inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.

Os atores têm esse dom. Eles têm o talento de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas. Os atores, eles, e não os diretores e autores, têm esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator.

O público vai ao teatro por causa dos atores. O autor de teatro é bom na medida em que escreve peças que dão margem a grandes interpretações dos atores. Mas o ator tem que se conscientizar de que é um cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade e, sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de sua personagem, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem.

Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajante solitário, sem bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto íntimo afinidades com as distorções de caráter que seu personagem tem. E amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor sem nenhuma reserva toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado. Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor que tem que ser construído pela harmonia e pelo amor. Eu amo os atores que sabem que a única recompensa que podem ter não é o dinheiro, não são os aplausos. É a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos. Eu amo os atores que sabem que no palco cada palavra e cada gesto são efêmeros e que nada registra nem documenta sua grandeza. Amo os atores e por eles amo o teatro e sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica."

Plínio Marcos